Encontrei na internet uma notícia do jornal alemão Der Spiegel que nos traz um cenário pessimista do pontificado de Bento XVI. Nada novo abaixo do céu: essa é uma tendência generalizada em toda a mídia européia que, a despeito de tudo o que o papa tem sofrido com a traição dentro da própria Igreja, continua ofuscando a mensagem do Evangelho com o assunto Vatican Leaks. Ninguém vai falar do crescimento de católicos na Ásia e na África ou na conversão de comunidades inteiras de anglicanos. Mas, como eu já disse, não há nada novo nisso tudo, pois, como se diz, “notícia boa não vende”:
Logo que Bento XVI foi eleito, a mídia alemã falou sobre um possível “efeito Bento” sobre como um papa alemão poderia influenciar positivamente as taxas de conversão e retenção de católicos na Alemanha. Porém, se esse efeito alguma vez existiu, rapidamente dissipou-se. Desde a eleição de Bento XVI em 2005, o número de pessoas deixando a Igreja Católica na Alemanha mais que dobrou e tem sido maior nos últimos tempos na antiga arquidiocese do então cardeal Ratzinger, Munich e Freising. Por sinal, apenas 30% dos alemães permanecem católicos hoje em dia.
A alegação, frequentemente feita por católicos entusiastas nos talk shows na Alemanha – que tudo isso não passa de um problema alemão ou europeu, nada mais que uvas azedas e que a Igreja tem tido mais sucesso em outros lugares – não é verdade nem mesmo para a profundamente católica América Latina. Lá, o número de católicos tem declinado nitidamente. Os evangélicos, por outro lado, estão se multiplicando como pães e peixes em Canaã.
A resposta a isso veio rapidamente. Tão certo como se o próprio papa tivesse lido a Der Spiegel, Bento XVI fala na visita Ad Limina dos bispos colombianos, no último dia 22 desse mês, sobre uma das possíveis causas do êxodo de católicos na América Latina:
O papa Bento acredita que os católicos que se convertem para as igrejas evangélicas frequentemente o fazem porque experimentam falta de fervor, alegria e entrosamento dentro das paróquias católicas – muito mais que por razões doutrinárias.
“Frequentemente, gente sincera que abandona a nossa Igreja não o fazem por acreditar no que grupos não-católicos acreditam, mas fundamentalmente como resultado de suas próprias experiências vividas; não por razões doutrinárias, mas de vivência; não por razões estritamente dogmáticas, mas por razões pastorais; não por causa de problemas teológicos, mas por problemas metodológicos da nossa Igreja”, disse o papa à delegação de bispos colombianos, em 21 de Junho, no Vaticano.
Os comentários do papa foram especificamente focados na América Latina, onde “a presença cada vez mais ativa das comunidades evangélicas e pentecostais…já não podem ser ignoradas e subestimadas”.
A despeito de os dados estatísticos indicarem que mais de 90 por cento dos colombianos autodefinirem-se católicos, nas últimas décadas as taxas de conversão para o protestantismo evangélico tem crescido na América Latina, particularmente nos bairros urbanos mais pobres.
Tal tendência, disse o papa, sugere que crescentes números de cristãos sentem-se chamados “a purificação e revitalização de sua fé.
Como uma resposta a isso, ele insiste para que os católicos tornem-se “melhores crentes, mais piedosos, mais afáveis e acolhedores em suas paróquias e comunidades, de modo que ninguém se sinta distante ou excluído”. O papa também ofereceu alguns conselhos práticos: que haja uma catequese mais profunda – particularmente para os jovens – homilias cuidadosamente preparadas durante as missas e promoção da doutrina católica nas escolas e universidades.
Se os católicos empenharem-se em seguir este caminho, diz o papa, isso os ajudará a despertar neles “a aspiração a partilhar com os outros a alegria de seguir Cristo e tornar-se membro do Seu corpo místico”.
Como católico que viveu a fase de maior debandada de católicos na história do Brasil, no começo do final do século passado, tenho de dizer que esse fenômeno já está bem mais controlado atualmente. Tudo isso só foi possível com a decadência da Teologia da Libertação e sobretudo a melhor formação dos sacerdotes. Esperamos ardentemente que a vida do Santo Padre ao Brasil no ano que vem possa assentar essa conquista que não deixa de ser para a Glória de Deus.