Recentemente descobri duas coisas muito interessantes. A primeira delas é que nos Estados Unidos existe o chamado AP Stylebook, que é um manual de redação e estilo voltado para o uso jornalístico. Esse manual compila normas gramaticais, dicionário e exemplos de usos de determinados termos e é referência para os profissionais do ramo. A segunda coisa interessante é que em sua atualização desse ano, eles removeram o uso do sufixo “-fobia” (-phobia) de seu manual. Dave Minthorn, o editor representante pelo setor de padrões da AP explica:
Homofobia especificamente -não passa de uma marca. O seu uso atribui uma doença mental a alguém e sugere um conhecimento que não temos (acaso é competência dos jornalistas o diagnóstico de uma fobia?). Parece não-acurado. Em vez desse termo, poderíamos usar algo mais neutro: anti-gay ou algo do tipo, se houver razão para acreditarmos que fosse o caso.
Perfeito. O sr. Minthorn foi à raiz da coisa. No Brasil esta palavra ficou tão banalizada quanto “eu te amo”. Chegamos ao absurdo de ver gays discordarem do chamado “casamento gay” e serem chamados de homofóbicos pelos pares. Foi o que sugeriu o deputado Jean Wyllys ao dizer que o falecido deputado Clodovil “tinha homofobia internalizada”. Homofobia, ao contrário do que a grande massa presume, não significa para o movimento gay “preconceito” nem “intolerância”. Homofobia é um termo incluído no Dicionário de Psicologia da American Psychological Association e quer dizer: “ódio e medo de homossexuais de ambos os sexos, associados ao preconceito e raiva a eles dirigidos”. As fobias como a claustrofobia e a entomofobia são consideradas clinicamente como psicopatias (com um amplo espectro de gravidade) e carecem de tratamento terapêutico.
Nós cristãos vemos as relações homossexuais como intrinsecamente desordenadas. Se nos chamam de homofóbicos, ou os militantes do movimento gay estão nos difamando propositalmente ou do alto de seus “saltinhos 15” não fazem a menor ideia do que estão falando. Eu diria até que isso é um tiro no próprio pé, pois ao diagnosticarem que 99% dos brasileiros são homofóbicos, eu diria que é bem difícil que eles encontrem os psicopatas reais no meio da massa.
Em outros países como os Estados Unidos, a moda agora é “Islamofobia”, ou seja, o medo de islâmicos e da cultura islâmica em geral. Percebam, aqui o uso do termo é relativamente mais coerente e adequado que no primeiro caso. Ter medo da cultura islâmica é tolerável em determinados lugares como os Estados Unidos que viveram um terror provocado por extremistas islâmicos. Obviamente não estamos pregando o ódio ao islã. Por outro lado, é compreensível que uma imagem negativa fique e isso sim pode ser tratado se clinicamente diagnosticado. Agora, sejamos sinceros, é ridículo usar o termo fobia associado à intolerância a homossexuais(mesmo sendo ratificado pela APA). Ninguém é intolerante em relação a homossexualidade por medo da condição homossexual. A intolerância ao homossexual está muito mais ligada a uma sociopatia (indiferença aos direitos e sentimentos da sociedade ou de determinado grupo social) que a uma fobia.
Devemos pontuar ainda uma questão mal resolvida no uso de termos: 1) preconceito e 2) intolerância. De acordo com o dicionário português Priberam, uma das acepções do termo preconceito é: “Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial”. O grande erro por trás do preconceito está em julgar pessoas e situações tendo como base os acidentes e não a essência. Todos nós somos preconceituosos em certo nível porque o julgar pela aparência é tipicamente humano. De acordo com a teoria do conhecimento, a internalização de certa matéria se dá da seguinte forma: primeiro há a aquisição dos dados, em seguida há a consolidação/organização dos dados (que viram informação) e por fim a interligação de informações que gera um conhecimento. Podemos ver no gráfico de Daniel Alexandre Moreira como isso se dá:
O preconceituoso julga antes de os dois primeiros passos da internalização estejam completos. Ou seja, ele julga com dados e informações desorganizados. Com o tempo, a maturidade vai nos ensinando a respeitar o processo de internalização e formação do conhecimento, mas nem sempre temos paciência para isso.
Quanto à intolerância, o mesmo dicionário, numa de suas acepções, diz que é: “violência”. Esta é uma ação que depende ou não de preconceito. Existem pessoas que partem para a violência contra outras depois de terem ponderando, refletido perfeitamente sobre determinado assunto. Portanto, existem intolerantes sem serem preconceituosos. É um ato de livre vontade que mais uma vez se encaixaria dentro da sociopatia e não da fobia. O sociopata tem dificuldades de internalizar regras e respeitar seus pares no convívio social. Como no caso das fobias, as sociopatias dividem-se num amplo leque de intensidade, nem sempre resultando no homicídio de outrem. Tendo isso como base, podemos julgar que, ao contrário do preconceito (que não é doença, fobia ou sociopatia), a intolerância é sim um caso grave de violação das normas de conduta social. A atitude do intolerante é, por padrão, punida pelas instituições constituídas e poderia ser tratada psicologicamente e psiquiatricamente.
Enfim, acho que o mais importante disso tudo é buscar informações além das que são noticiadas pelos jornais. Como cristãos somos acusados indistintamente de homofóbicos, intolerantes e preconceituosos, o que não corresponde à verdade. De fato, não concordamos com o casamento gay, com a adoção por indivíduo do mesmo sexo, nem com as chamadas relações homo-afetivas Não temos tal posição como resultado de uma atitude irrefletida, preconceituosa; também não cabe a nós partir para a agressão, para a intolerância. Queremos simplesmente ter uma posição diferente e poder expressá-la livremente num diálogo entre pessoas racionais – que sabem que numa sociedade existe diversidade de ideias e opiniões. Infelizmente muitos que se julgam vítimas são os primeiros a serem preconceituosos em relação a opiniões contrárias. Nessa confusão de termos que se instaurou, nós questionamos: acaso “respeito” no dicionário gay é significa de egocentrismo?